CAPÍTULO 4 CONSIDERE TORNAR O TOMADOR DE DECISÕES PARTE DA SOLUÇÃO


Quando se está planejando uma campanha, é fácil imaginar que a pessoa no poder que você está tentando influenciar é negligente, corrupta ou tem más intenções. Mas em tão muitos casos que vimos, o problema na verdade é que elas apenas não entendem por que as coisas precisam mudar. Isso significa que o seu desafio principal é chamar a atenção delas. Mostrar a elas que é necessário fazer mudanças agora, e mostrar a elas o caminho para fazer as mudanças acontecerem.

Isso é importante porque, se você tiver a sorte de morar em um país que assumiu um compromisso zero net, você provavelmente descobrirá que políticos e líderes empresariais fazem todo tipo de promessas usadas, mas não parecem tomar nenhuma ação concreta. Nessas situações, é útil encontrar maneiras de se reunir diretamente com as pessoas que estão no poder, e pressioná-las para que tomem medidas concretas.

DESTAQUE: ARGENTINA. Tomadores de decisão como parte da solução, não do problema.

Na Argentina, a Change.org descobriu que pode ser muito eficiente permitir que as pessoas no poder, tomadores de decisões, participem de uma campanha. Antes de se envolver mais ativamente com eles, descobriu-se que os tomadores de decisões muitas vezes viam as campanhas como um irritação, uma conspiração ou, até mesmo, algo criado pela oposição política.

A Change.org descobriu que uma grande vantagem de se engajar ativamente com os tomadores de decisão é que eles entendem que a campanha é composta de pessoas comuns — professores, avós, pais e mães — que veem um problema e querem resolvê-lo:

Trabalhamos com eles para que vejam a oportunidadede responder ou participar de petições. E trabalhamos muito com eles eseus conselheiros. Como sabem, os membros mais graduados do gabinete e os congressistas têm muitos assessores. Então nós trabalhamos muito com eles para falar sobre a change.org, para explicar como nós podemos ajudar,
como eles podem responder às petições e como a change.org pode ser uma forma de trabalhar com esses jovens.

Assim, as lições básicas neste contexto, compartilhadas por Leandro, podem ser
resumidas da seguinte forma:

Primeiro, mantenha a mensagem simples. Não tente falar sobre tudo ou sobre todos os pontos do problema. Mas tente criar uma mensagem simples para convencer as pessoas a apoiar
sua campanha. 

E não tente executar todas as táticas ou estratégias ao mesmo tempo, mas tenha um bom cronograma. Por exemplo, inicie a campanha com uma petição, então, em dois meses, trabalhe com a entrega da petição no Congresso, e depois trabalhe em paralelo com a repercussão midiática, por exemplo, no rádio e na televisão ou nos jornais.

E, então, veja os tomadores de decisões não como inimigos. Mas como as pessoas que podem levar sua campanha à vitória. Se você quer sucesso para sua campanha, pode ser útil ter uma reunião com aquele político. Não perca a oportunidade.

Leandro Asensos, Diretor Nacional na Change.org Argentina

Também gostamos deste exemplo da Índia, onde a Youth Ki Awaaz se certifica de elogiar os políticos quando eles tomam boas decisões, o que, por sua vez, lhes permite colocar pressão sobre os políticos de outras regiões para que façam o mesmo. Uma situação em que todos saem ganhando!

DESTAQUE: ÍNDIA. O efeito dominó da pressão política

Uma coisa que vimos funcionar muito bem é quando um tomador de decisões local acaba tomando uma ação positiva em relação ao clima — destacamos sua ação positiva e o elogiamos. Então, por exemplo, quando você tem um líder de aldeia ou distrito, juiz ou líder do governo local que faz algo fenomenal, você dá um exemplo positivo dessa pessoa e isso inspira as pessoas, de modo que elas começam a pressionar seus tomadores de decisões dizendo coisas como 'Ei, por que você não faz algo assim?

Anshul Tewari, Fundador da Youth Ki Awaaz
PONTO-CHAVE
Há momentos em que é bom tratar os tomadores de decisão como pessoas que você respeita e deseja persuadir como iguais. Nessas circunstâncias, pense em como você pode construir um relacionamento rico com eles, para ajudá-los a entender as preocupações legítimas que você e sua campanha têm. O exemplo da Argentina é um ótimo lembrete de que você nem sempre deve exigir mudanças por padrão; às vezes, construir pontes é o que é necessário. Mas lembre-se sempre: às vezes a melhor forma de vencer uma campanha é convocar os poderosos e exigir mudanças, gostem eles ou não!

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